sexta-feira, 5 de abril de 2013

Ìyásan





Ìyásan é um Orixá feminino muito famoso no Brasil, sendo figura das mais populares entre os mitos da Umbanda e do Candomblé em nossa terra e também na África, onde é predominantemente cultuada sob o nome de Ọya. Ọya recebeu de Ṣàngó o título de YÀSÁN (ìyá = senhora + ọsan = tarde), que quer dizer, a senhora das tardes, pois chegava sempre as tardes, linda e esvoasante com sua roupa de fogo.É um dos Orixás do Candomblé que mais penetrou no sincretismo da Umbanda, talvez por ser o único que se relaciona, na liturgia mais tradicional africana, com os espíritos dos mortos (Eguns), que têm participação ativa na Umbanda, enquanto são afastados e pouco cultuados no Candomblé. Em termos de sincretismo, costuma ser associada à figura católica de Santa Bárbara. Ìyásan costuma ser saudada após os trovões, não pelo raio em si (propriedade de Ṣàngó ao qual ela costuma ter acesso), mas principalmente porque Ìyásan é uma das mais apaixonadas amantes de Ṣàngó, e o senhor da justiça não atingiria quem se lembrasse do nome da amada. Ao mesmo tempo, ela é a senhora do vento e, conseqüentemente, da tempestade.

Nas cerimônias da Umbanda e do Candomblé, Ìyásan, ela surge quando incorporada a seus filhos, como autêntica guerreira, brandindo sua espada, e ao mesmo tempo feliz. Ela sabe amar, e gosta de mostrar seu amor e sua alegria contagiantes da mesma forma desmedida com que exterioriza sua cólera.

Como a maior parte dos Orixás femininos cultuados inicialmente pelos iorubás, é a divindade de um rio conhecido internacionalmente como rio Níger, ou Ọya, pelos africanos, isso, porém, não deve ser confundido com um domínio sobre a água.

A figura de Ìyásan sempre guarda boa distância das outras personagens femininas centrais do panteão mitológico africano, se aproxima mais dos terrenos consagrados tradicionalmente ao homem, pois está presente tanto nos campos de batalha, onde se resolvem as grandes lutas, como nos caminhos cheios de risco e de aventura - enfim, está sempre longe do lar; Ìyásan não gosta dos afazeres domésticos.

É extremamente sensual, apaixona-se com freqüência e a multiplicidade de parceiros é uma constante na sua ação, raramente ao mesmo tempo, já que Ìyásan costuma ser íntegra em suas paixões; assim nada nela é medíocre, regular, discreto, suas zangas são terríveis, seus arrependimentos dramáticos, seus triunfos são decisivos em qualquer tema, e não quer saber de mais nada, não sendo dada a picuinhas, pequenas traições. É o Orixá do arrebatamento, da paixão.

Foi esposa de Ògún e, posteriormente, a mais importante esposa de Ṣàngó. é irrequieta, autoritária, mas sensual, de temperamento muito forte, dominador e impetuoso. É dona dos movimentos (movimenta todos os Orixás), em algumas casas é também dona do teto da casa, do Ilê.

Ìyásan é a Senhora dos Eguns (espíritos dos mortos), os quais controla com um rabo de cavalo chamado Eruexim - seu instrumento litúrgico durante as festas, uma chibata feita de rabo de um cavalo atado a um cabo de osso, madeira ou metal.

É ela que servirá de guia, ao lado de Ọbalúwaìye, para aquele espírito que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o caminho a ser percorrido por aquela alma. Comanda também a falange dos Boiadeiros.

Duas lendas se formaram, a primeira é que Ìyásan não cortou completamente relação com o ex-esposo e tornou-se sua amante; a segunda lenda garante que Ìyásan e Ògún, tornaram-se inimigos irreconciliáveis depois da separação.

Ìyásan é a primeira divindade feminina a surgir nas cerimônias de cultos afro-brasileiros.

Deusa da espada do fogo, dona da paixão, da provocação e do ciúme. Paixão violenta, que corrói, que cria sentimentos de loucura, que cria o desejo de possuir, o desejo sexual. É a volúpia, o clímax. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte que a razão. A frase estou apaixonado, tem a presença e a regência de Ìyásan, que é o orixá que faz nossos corações baterem com mais força e cria em nossas mentes os sentimentos mais profundos, abusados, ousados e desesperados. É o ciúme doentio, a inveja suave, o fascínio enlouquecido. É a paixão propriamente dita. É a falta de medo das conseqüências de um ato impensado no campo amoroso. Ìyásan rege o amor forte, violento.

Características

Animais Cabra amarela, Coruja rajada
Bebida Champanhe
Chacra Frontal e cardíaco
Comidas
Acarajé
Broto de bambu
Bobó de Inhame
Ipetê
Cor Coral (amarelo)
Data Comemorativa 4 de dezembro
Dia da Semana Quarta-feira
Elemento Ar e Fogo
Essências Patchouli
Fio de Contas Coral (marrom, bordô, vermelho, amarelo)
Flores Amarelas ou corais
Incompatibilidades Rato, Abóbora.
Metal Cobre
Numero 9
Pedras Coral, Cornalina, Rubi, Granada
Planeta Lua e Júpiter
Pontos da Natureza Bambuzal
Saudação Eparrei Oyá Odò Ọya
Saúde  
Símbolo Raio, Eruexim,Alfanje
Sincretismo Santa Bárbara, Joana d'arc.

Folhas


Ameixa (èso kan bí ìyeyè)
Cajá (ìyeyè)
Caqui
Figo (èso ọ̀pọ̀tọ́)
Framboesa (ẹ́yà àgbáyun kan)
Grandiúva (àfẹ́rẹ̀)
Jenipapo (bujẹ̀)
Laranja (ọsán)
Maçã (èso òro òyìnbó)
Mamão  (síbó)
Manga  (mángòrò)
Manga Rosa
Maracujá (kankinse)
Melão (ẹ̀gúsí)
Morango (irú èso dídùn kan)
Nespereira
Pêra
Pêssego
Romã (àgbá)
Uva (èso àjara)
Abóbora  (élégédé)
Alface  (irú ẹ̀fọ́ kan)
Altéia
Angico da folha miúda
Bambu  (dankó)
Caruru  (ewé tẹ̀tẹ̀)
Casuarina  (ewé Ọya)
Cinco Chagas  (kolẹ̀orọ́gba)
Cravo da Índia
Dormideira  (apẹ̀jẹ̀)
Erva Prata  (ewé dìgì)
Erva Tostão  (étìpọ́nlá)
Espada de Yansã  (ewé ida Ọya)
Eucalipto-limão
Flamboyant  (sekeseke)
Flamboyanzinho  (esa pupa)
Flor de Lótus  (òṣibàtà)
Folha de Fogo  (ewé inọ́n)
Gengibre  (atalẹ̀)
Hortelã da Horta
Inhame  (isu)
Inhame  (iṣu àlùbọ́sà)
Jaborandi  (ìyèyé)
Louro  (ewé asá)
Malva Rosa
Manjericão Roxo  (efínrín pupa)
Mato Pasto (àgbọ́là)
Para Ráio  (ewé mẹsán)
Parietária  (ewé monan)
Pata de Vaca Rosa  (abàfè)
Pinhão Branco  (bòtújẹ̀ funfun)
Pinhão Roxo  (bòtujẹ̀ pupa)
Salsa Brava  (gbọ̀rọ̀ ayaba)
Salsa da Praia  (gbọ̀rọ̀ ayaba)
Sândalo  (ewé didún)
Taquaril (ewé firírí)
Trombeta Roxa  (eṣo felejẹ́)
Espirradeira Roxa
Maravilha  (ẹ̀kelẹ̀yi)
Ameixeira (ìyeyè)
Cajazeira (ẹ́kikà)
Cambuí amarelo
Embaúba  (àgbaó)
Figueira comum (ọ̀pọ̀tọ́)
Jacarandá Cor de Rosa  (ayàdà)
Macieira (òro òyìnbó)
Mamão  (ìbẹ́pẹ)
Nim  (afóforo òyínbó)



Qualidades


Ọya Biniká - Tem fundamento com Ọ̀ṣun Opará
Ọya Seno - Tem fundamento com Òṣùmàrè.
Ọya Abomi - Tem fundamento com Ṣàngó e Ọ̀ṣun
Ọya Gunán - Tem fundamento com Ṣàngó
Ọya Bagán - Não tem cabeça. Come com Èṣù, Ògún e Ọ̀ṣọ́ọ̀si. Tem caminhos com Egun
Ọya Onìrá 
É uma Ìyásan com algumas características diferentes do padrão de Ìyásan, como por exemplo o fato de ela se dar muito bem com Ọ̀ṣun, e até mesmo as cores Próprias - como são suas mais clarinhas e suaves, com tons de azul e rosa, coral e amarelo muitas vezes, diferente das cores fortes de Ìyásan como o vermelho. Nem porisso ela deixa de ser uma guerreira, e de ser agressiva e violenta.

Na verdade Ònírá orixá é um "independente". Acho que foi no Brasil que se ligou uma Ìyásan Ònírá, exatamente por ela ser guerreira também, e por ela ter os Eguns ligação com. Mas é uma mãe da água doce, como Ọ̀ṣun, daí a sua identificação com ela. Segundo a lenda, foi quem ensinou Ọ̀ṣun Ònírá um lutar.

Em Cuba, chega-se a associar um Ònírá Ogum

Ìyásan Ònírá - é uma qualidade de Ìyásan (Ọya), guerreira, mas que é uma ninfa das águas doces, com ligação direta com o culto dos Eguns (almas). É a dona do "atori", uma pequena vara usada no culto de Òṣàlà para chamar os mortos na intenção de fazê-los participar da cerimônia. A função do "atori" é a de, assim que ao ser tocada batida no chão, que se faça o poder de fazer reinar a paz no local ou na vida de alguém e trazer-lhe abundância. O "atori" também tem a força de mandar chover regularmente para trazer a prosperidade."Ìyásan Ònírá" deu a Oṣoguian o "atori" e seu poder de exercê-lo, além de ter lhe ensinado o fundamento e como usá-lo.

Em anos regidos por Oṣoguian, é preciso agradar muito a essa qualidade de Ìyásan para que ela permita que, através dela, Oṣoguian traga a paz e a abundância."Ìyásan Ònírá" é a mãe de criação de "Logun-Edé Apanan". Por isso, toda oferenda para essa orixá, deverá também ser oferecido um agrado a essa qualidade do orixá Logun-Edé."Ìyásan Ònírá" reina no mundo dos mortos e tem ligação direta com Ọbalúwaìye e Ògún, sendo que sua ligação maior é com "Ọ̀ṣun Opará", que recebeu dessa qualidade de Ìyásan os ensinamentos para lutar e ser guerreira. Foi "Ìyásan Ònírá" que ensinou "Ọ̀ṣun Opará" a lutar."Ọ̀ṣun Opará" ser tornou então, companheira inseparável de "Ìyásan Ònírá", comendo juntas no bambuzal ou nos rios e tendo aprendido os fundamentos dos Eguns. Sendo assim, essa qualidade de Ọ̀ṣun, também tem relação direta com os Eguns (almas). Quando "Ìyásan Ònírá" e "Ọ̀ṣun Opará" se juntam, se tornam muito perigosas pois têm em dobro a força e a sabedoria dos guerreiros Oṣoguian, Ògún e Obaluwaye. Veste o coral e amarelo, contas iguais.

Ọya Kodun - eró com Oṣoguian
Ọya Maganbelle - esse caminho mostra a dificuldade quanto à geração de filhos. Tem fundamento com Iroko e Ṣàngó. Seu assentamento deve ser feito aos pés de Iroko.
Ọya Yapopo
Ọya Onisoni - Tem fundamento com Omulu
Ọya Bagbure - Não tem fundamento com nenhum Orixá. Parece pertencer ao culto de Egunguns
Ọya Tọpẹ́ - Tem ligação com Ṣàngó e veste-se de branco. Tem fundamento com Ògún e Èṣù.
Ọya Filiaba - Tem fundamento com Ọmọlú
Ọya Semi - Tem fundamento com Ọbalúwaìye
Ọya Sinsirá - Tem fundamento com Ọbalúwaìye
Ọya Sire - Tem fundamentos com Ọ̀sónyìn e Ayrá.
Ọya Mẹsán ou Ìyásan - mais velha das Ọya, conhecida mesmo como Ìyásan. (Nação Batuque)
Ọya Timboá - Ligada aos desapegado, sem rumo, ligada aos que moram na rua, fundamento com Bara Lóde. (Batuque, Cabinda)
Ọya Dirã - ligada aos eguns, muito semelhante a Ọya Gbálẹ̀ ou Ìgbálẹ̀. (Nação Batuque, Cabinda)
Ọya Fúnka - senhora das tempestades, que espalha ao redor (Nação Cabinda)
Ọya Lariwo - como trovão (Cabinda)
Ọya Lóde - Adjuntó com Bara Lóde (Batuque)
Ọya Gbálẹ̀ ou Ìgbálẹ̀

Mitos

Em épocas muito remotas, havia na cidade do Oyo um fazendeiro chamado Alapini, que tinha três filhos chamados Ojéwuni, Ojésamni e Ojérinlo. Um dia Alapini foi viajar e deixou recomendações aos filhos para que colhessem os inhames e os armazenassem, mas que não comessem um tipo especial de inhame chamado ihobia, pois ele deixava as pessoas com uma terrível sede. Seus filhos ignoraram o aviso e o comeram em demasia. Depois, beberam muita água e, um a um, acabaram todos morrendo.

Quando Alapini retornou, encontrou a desgraça em sua casa. Desesperado, correu ao Babalawo, que consultou o oráculo de Ifá. O sacerdote indicou que, após o l7º dia fosse ao ribeirão do bosque e executasse o ritual que foi prescrito no jogo. Ele deveria escolher um galho da árvore sagrada atori e fazer um “bastão de invocação” do qual deveria ser denominado de isan. Na margem do ribeirão, deveria bater com o bastão na terra e chamar pelos nomes dos seus filhos, que na terceira vez eles apareceriam. Mas ele também não poderia esquecer de antes fazer certos sacrifícios e oferendas.

Assim ele o fez; seus filhos apareceram. Mas eles tinham rostos e corpos estranhos; era então preciso cobri-los para que as pessoas pudessem vê-los sem se assustarem. Pediu que seus filhos ficassem na floresta e voltou à cidade. Contou o fato ao povo, e as pessoas fizeram roupas para ele vestir seus filhos.

Deste dia em diante ele poderia ver e mostrar seus filhos as outras pessoas; as belas roupas que eles ganharam escondiam perfeitamente suas condições de mortos. Alapini e seus filhos fizeram um pacto: em um buraco feito na terra pelo seu pai, deveria ser “acomodado” os fundamentos do culto e denominado de ojúbo – Altar, no mesmo local do primeiro encontro, ou seja no Igbó Ìgbálẹ̀, ali seriam feitas as oferendas e os sacrifícios e onde as roupas deveriam permanecer guardadas, para que eles as vestissem quando o pai os chamasse através do ritual do bastão.

Seguindo o pacto e as instruções do Babalawo, de que sempre que os filhos morressem fosse realizado o ritual após o l7º dia, pais e filhos para sempre se encontraram. E, para os filhos que ainda não tiverem roupas, é só pedir às pessoas que elas as farão com imenso prazer...”

Assim sendo, poderia interpretarmos Ọya Ìgbálẹ̀ como “A Senhora da Floresta Sagrada dos Ancestrais”.

Se um dos atributos de Ọya em sua pura essência é o “Espírito do Vento”, neste caminho ela é denominada de “O Vento da Morte, A Regente do Vento Invisível dos Egúngun” Ọya Ìgbálẹ̀ é a divindade que Olódúmarè outorgou o direito de controlar os espíritos dos seres humanos quando desencarnados. Ela tem que assegurar que nosso espírito, de alguma forma ou outra, não seja prejudicado nesta “transição” tão delicada. Esta transição esta sub-dividida em 9 etapas: leito de morte, velório, caminho do cemitério, porta do cemitério, caminho da sepultura, sepultura, ritos fúnebres, despacho do carrego e o caminho para o além; e caso este espírito tenha que regressar ao mundo dos vivos, para solucionarmos alguma pendência, novamente deverá ser acompanhado por Ọya Ìgbálẹ̀. Há tradicionalista modernos quem diga que o conhecido Déjà Vu a esta divindade pertence.

Oduleke foi o primeiro caçador a receber os ritos do Asese, celebrado por Ọya Ìgbálẹ̀. Até então este rito era somente destinados aos caçadores, para somente depois ser designado a todos os iniciados e consagrados ao Culto do Òrìsà e Egún.

Ọya Ìgbálẹ̀ reina principalmente o Ile Ibojì – O Cemitério, sua porta e seus arredores estão impregnados com sua poderosa energia. Considerada como uma das entidades mais bem estruturadas, como um organismo vivo, e com funções evolutivas específicas e importantes para o culto.

Uma de suas principais características, esta em sua lealdade para com seus seguidores. Quando Ọya Ìgbálẹ̀ acompanha seus seguidores em uma batalha, invoca seu poderoso exército de Egúngun liderado por um dos mais temíveis Ancestrais – Baba Ajimuda. Os mitos relatam que nesta batalha Ọya Ìgbálẹ̀ cobre o rosto com uma mascara para ocultar a face da destruição. Na diáspora, esta mascara foi substituída pela pintura de efun do qual cobre por completo o rosto de Ọya Ìgbálẹ̀ e que ninguém deve dirigir o olhar diretamente a ela, mesmo que esta cerimônia seja realizada no escuro.

Quando alguém esta com alguma enfermidade grave, muitas vezes podemos recorrer a este caminho de Ọya quando há necessidade de alguma transformação, porém aquele que iniciado e consagrado a esta divindade jamais poderá visitar um doente, mas se o fizer não poderá jamais sentar na cama do enfermo.

Ọya em sua essência pura é representada por 9 cores com exceção do preto. No Novo Mundo Ọya Ìgbálẹ̀ passa a morar no Ile Awo – A casa do Segredo, mas especificamente no Ile Sanyin ou popularmente conhecido com Lesanyin quando cultuada no Culto de Lese Egún e no Ile Ibo Aku quando cultuada em Lese Òrìsà. Suas representação materiais e seus atributos diferem de um lugar para outro, porém seu maior segredo se mantem em igualdade em ambos os cultos. Entre tantos outros o que mais diferencia seus assentamentos, são a presença de uma ossada retirada do corpo de um animal, do qual deverá ser prepara e consagrada para determinadas funções. Sabemos que o osso representa a morte, a representação de um ser que em outrora vivera.

Qualidades

Ọya Gbálẹ̀ Funán - Afefe Yku Funan: A Senhora do Fogo e dos ventos da Morte. Caminha com Ògún e Ọbalúwaìye. Tem caminhos também com Egun e Ikú. Veste branco e pode usar azul-claro, embora receba oferenda de animais inteiramente pretos.
Ọya Gbálẹ̀ Fure - Usa uma foice na mão esquerda e um eruexim na direita. Veste branco e por cima das vestes a palha da costa. Dança como se estivesse carregando na cabeça uma enorme cabaça. Em suas vestes são penduradas pequenas cabaças, no tornozelo direito uma pulseira de aço. Tem ligação direta com o culto aos Eguns. Preside a vida e a morte.
Ọya Gbálẹ̀ Guere - uma de suas formas. Tem forte fundamento com Ògún e Ọmọlú
Ọya Gbálẹ̀ Toningbe
Ọya Gbálẹ̀ Fakarebo - Não é feita em seus eleitos. É a verdadeira dona do ebó, é a ela que é entregue todos os ebós. Seus caminhos levam diretamente a Èṣù e Egun. Seus rituais são todos feitos no murim, cabaças e porrões.
Ọya Gbálẹ̀ De
Ọya Gbálẹ̀ Min
Ọya Gbálẹ̀ Lario
Ọya Gbálẹ̀ Adagangbará - Tem fundamento com Èṣù
Sincretismos



9 Filhos de Ọya

Ọya teve nove filhos, uns dizem que foi com Ógùn, outros que foi com Ṣàngó , oito nasceram mudos e o último nasceu um ÉGÚN e graças aos sacrifícios recomendados por IFÀ, nasceu com o poder de falar com voz estranha e sobrenatural, chamada SEGI , que imita a voz do macaco africano chamado IJIMARÈ, macaco que é consagrado aos ÉRÉS.

IMALEGÃ - Nasceu no primeiro dia do EBOYKÙ, arrancado do ventre de Ọya pelas ÌYÁMI, e foi envolvido em abanos;
IORUGÃ - Foi envolvido na palha seca e alimentado com talos de bananeira. Nasceu com avaidade de Ọya e é o preferido;
AKUGÃ - Nasceu no terceiro dia da tempestade e foi criado nas touceiras de bambu. É rebelde. Não se deve tocar o chão do bambuzal;
URUGÃ - Alimenta-se das folhas da bananeira e esconde-se nas florestas. Faz buracos;
OMORUGÃ - Alimenta-se do pó do bambu que está caído no chão. Vive no milharal e fica escondido nos bambuzais observando os seres humanos;
DEMÓ - Ọya cobriu-o de lama para saber os segredos de seus inimigos. Usa pele de búfalo para acompanhar Ọ̀ṣọ́ọ̀si;
REIGÁ - Acompanha os mortos e ronda os cemitérios. Esconde-se nas grandes árvores dos cemitérios e ronda as sepulturas a procura de objetos perdidos ou esquecidos pelas pessoas;
HEIGÁ - É violento e vive perseguindo o ORI do ser humano. Propicia desastres e desordens;
EGUN EGUN - Filho de Ṣàngó. Ọya preparou-o para combater. Êle se apossa do ser humano, fazendo-o cometer desatinos.
Carrega um par de chifres que deu a seus filhos, dizendo-lhes que se precisassem dela batesse um no outro que ela viria de onde estivesse para acudi-los, também um instrumento de madeira com o rabo do búfalo que serve para afastar os ÉGÚNS , é o ORUKERÉ.

Atribuições

Uma de suas atribuições é colher os seres fora-da-Lei e, com um de seus magnetismos, alterar todo o seu emocional, mental e consciência, para, só então, redirecioná-lo numa outra linha de evolução, que o aquietará e facilitará sua caminhada pela linha reta da evolução.

Características dos Filhos de Ìyásan

Seu filho é conhecido por seu temperamento explosivo. Está sempre chamando a atenção por ser inquieto e extrovertido. Sempre a sua palavra é que vale e gosta de impor aos outros a sua vontade. Não admite ser contrariado, pouco importando se tem ou não razão, pois não gosta de dialogar. Em estado normal é muito alegre e decidido. Questionado torna-se violento, partindo para a agressão, com berros, gritos e choro. Tem um prazer enorme em contrariar todo tipo de preconceito. Passa por cima de tudo que está fazendo na vida, quando fica tentado por uma aventura. Em seus gestos demonstra o momento que está passando, não conseguindo disfarçar a alegria ou a tristeza. Não tem medo de nada. Enfrenta qualquer situação de peito aberto. É leal e objetivo. Sua grande qualidade, a garra, e seu grande defeito, a impensada franqueza, o que lhe prejudica o convívio social.

Ìyásan é a mulher guerreira que, em vez de ficar no lar, vai à guerra. São assim os filhos de Ìyásan, que preferem as batalhas grandes e dramáticas ao cotidiano repetitivo.

Costumam ver guerra em tudo, sendo portanto competitivos, agressivos e dados a ataques de cólera. Ao contrário, porém, da busca de certa estratégia militar, que faz parte da maneira de ser dos filhos de Ògún, os filhos de Ìyásan costumam ser mais individualistas, achando que com a coragem e a disposição para a batalha, vencerão todos os problemas.

São fortemente influenciados pelo arquétipo da deusa aquelas figuras que repentinamente mudam todo o rumo da sua vida por um amor ou por um ideal. Talvez uma súbita conversão religiosa, fazendo com que a pessoa mude completamente de código de valores morais e até de eixo base de sua vida, pode acontecer com os filhos de Ìyásan num dado momento de sua vida.

Da mesma forma que o filho de Ìyásan revirou sua vida uma vez de pernas para o ar, poderá novamente chegar à conclusão de que estava enganado e, algum tempo depois, fazer mais uma alteração - tão ou mais radical ainda que a anterior.

São de Ìyásan, aquelas pessoas que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio de uma festa, num acontecimento social, na casa de um amigo - e, o que é mais desconcertante, momentos após extravasar uma irreprimível felicidade, fazer questão de mostrar, à todos, aspectos particulares de sua vida.

Os Filhos de Ìyásan são atirados, extrovertidos e chocantemente diretos. Às vezes tentam ser maquiavélicos ou sutis, mas, a longo prazo, um filho de Ìyásan sempre acaba mostrando cabalmente quais seus objetivos e pretensões.

Têm uma tendência a desenvolver vida sexual muito irregular, pontilhada por súbitas paixões, que começam de repente e podem terminar mais inesperadamente ainda. Se mostram incapazes de perdoar qualquer traição - que não a que ele mesmo faz contra o ser amado. Enfim, seu temperamento sensual e voluptuoso pode levá-las a aventuras amorosas extraconjugais múltiplas e freqüentes, sem reserva nem decência, o que não as impede de continuarem muito ciumentas dos seus maridos, por elas mesmas enganados. Mas quando estão amando verdadeiramente são dedicadas a uma pessoa são extremamente companheiras.

Todas essas características criam uma grande dificuldade de relacionamentos duradouros com os filhos de Ìyásan. Se por um lado são alegres e expansivos, por outro, podem ser muito violentos quando contrariados; se têm a tendência para a franqueza e para o estilo direto, também não podem ser considerados confiáveis, pois fatos menores provocam reações enormes e, quando possessos, não há ética que segure os filhos de Ìyásan, dispostos a destruir tudo com seu vento forte e arrasador.

Ao mesmo tempo, costumam ser amigos fiéis para os poucos escolhidos ara seu círculo mais íntimo.



Lenda de Ìyásan

Ìyásan passa a dominar o fogo

Ṣàngó enviou-a em missão na terra dos baribas, a fim de buscar um preparado que, uma vez ingerido, lhe permitiria lançar fogo e chamas pela boca e pelo nariz. Ọya, desobedecendo às instruções do esposo, experimentou esse preparado, tornando-se também capaz de cuspir fogo, para grande desgosto de Ṣàngó, que desejava guardar só para si esse terrível poder.

Como os chifres de búfalo vieram a ser utilizados no ritual do culto de Oià-Ìyásan

Ògún foi caçar na floresta. Colocando-se à espreita, percebeu um búfalo que vinha em sua direção. Preparava-se para matá-lo quando o animal, parando subitamente, retirou a sua pele. Uma linda mulher apareceu diante de seus olhos, era Ìyásan. Ela escondeu a pele num formigueiro e dirigiu-se ao mercado da cidade vizinha. Ògún apossou-se do despojo, escondendo-o no fundo de um depósito de milho, ao lado de sua casa, indo, em seguida, ao mercado fazer a corte à mulher-búfalo. Ele chegou a pedi-la em casamento, mas Ọya recusou inicialmente. Entretanto, ela acabou aceitando, quando de volta a floresta, não mais achou a sua pele. Ọya recomendou ao caçador a não contar a ninguém que, na realidade, ela era um animal. Viveram bem durante alguns anos. Ela teve nove crianças, o que provocou o ciúme das outras esposas de Ògún. Estas, porém, conseguiram descobrir o segredo da aparição da nova a mulher. Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantar: 'Máa je, máa mu, àwo re nbe nínú àká', 'Você pode beber e comer (e exibir sua beleza), mas a sua pele está no depósito (você é um animal)'.

Ọya compreendeu a alusão; encontrando a sua pele, vestiu-a e, voltando à forma de búfalo, matou as mulheres ciumentas. Em seguida, deixou os seus chifres com os filhos, dizendo: 'Em caso de necessidade, batam um contra o outro, e eu virei imediatamente em vosso socorro.' É por essa razão que chifres de búfalo são sempre colocados nos locais consagrados a Ìyásan.

As Conquistas de Ìyásan

Ìyásan percorreu vários reinos, foi paixão de Ògún, Oṣoguian, Èṣù, Ọ̀ṣọ́ọ̀si e Logun-Edé. Em Ifé, terra de Ògún, foi a grande paixão do guerreiro. Aprendeu com ele e ganhou o direito do manuseio da espada. Em Oxogbô, terra de Oṣoguian, aprendeu e recebeu o direito de usar o escudo. Deparou-se com Èṣù nas estradas, com ele se relacionou e aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Ọ̀ṣọ́ọ̀si, seduziu o deus da caça, aprendendo a caçar, tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal (com a ajuda da magia aprendida com Èṣù). Seduziu o jovem Logun-Edé e com ele aprendeu a pescar. Ìyásan partiu, então, para o reino de Ọbalúwaìye, pois queria descobrir seus mistérios e até mesmo conhecer seu rosto, mas nada conseguiu pela sedução. Porém, Ọbalúwaìye resolveu ensinar-lhe a tratar dos mortos. De início, Ìyásan relutou, mas seu desejo de aprender foi mais forte e aprendeu a conviver com os Eguns e controlá-los. Partiu, então, para Ọyọ, reino de Ṣàngó, e lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis, e aprenderia a viver ricamente. Mas, ao chegar ao reino do deus do trovão, Ìyásan aprendeu muito mais, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Ṣàngó dividiu com ela os poderes do raio e deu a ela o seu coração.

Ìyásan Ganha de Ọbalúwaìye o Poder Sobre os Mortos

Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Ọbalúwaìye viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os orixás. Ọbalúwaìye não podia entrar na festa, devido à sua medonha aparência. Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro. Ògún, ao perceber a angústia do Orixá, cobriu-o com uma roupa de palha, com um capuz que ocultava seu rosto doente, e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos. Apesar de envergonhado, Ọbalúwaìye entrou, mas ninguém se aproximava dele, nenhuma mulher quis dançar com ele.

Ìyásan tudo acompanhava com o rabo do olho. Ela compreendia a triste situação de Ọbalúwaìye e dele se compadecia. Ìyásan esperou que ele estivesse bem no centro do barracão. O xirê (festa, dança, brincadeira) estava animado. Os orixás dançavam alegremente com suas ekedes. Ìyásan chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de palha com seu vento. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Ọbalúwaìye pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barracão. Ọbalúwaìye, o deus das doenças, transformara-se num jovem belo e encantador.

O povo o aclamou por sua beleza. Ọbalúwaìye ficou mais do que contente com a festa, ficou grato. E, em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Ìyásan então dançou e dançou de alegria. Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava agora, agitava no ar o eruexim (o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo). Ìyásan tornou-se Ìyásan de Balé, a rainha dos espíritos dos mortos, a condutora dos eguns, rainha que foi sempre a grande paixão de Ọbalúwaìye.

Ìyásan - Orixá dos Ventos e da Tempestade !!!

Oxaguiam estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear. Ògún fazia as armas, mas fazia lentamente. Oxaguiam pediu a seu amigo Ògún urgência, Mas o ferreiro já fazia o possível. O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo. Tanto reclamou Oxaguiam que Ọya, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ògún a apressar a fabricação. Ọya se pôs a soprar o fogo da forja de Ògún e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado derretia o ferro mais rapidamente. Logo Ògún pode fazer muitas armas e com as armas Oxaguiam venceu a guerra. Oxaguiam veio então agradecer Ògún. E na casa de Ògún enamorou-se de Ọya. Um dia fugiram Oxaguiam e Ọya, deixando Ògún enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde Oxaguiam voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Ọya teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de Oxaguiam, onde vivia, Ọya soprava em direção à forja de Ògún. E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Oxaguiam da de Ògún. E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas com furor. E o povo se acostumou com o sopro de Ọya cruzando os ares e logo o chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Ọya a forja de Ògún. Tão forte que às vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias. O povo reconhecia o sopro destrutivo de Ọya e o povo chamava a isso tempestade.



Ọya Mẹ̀sán Ọ̀run



(aquela que retorna a terra): É a Deusa dos mortos. É Ligada diretamente ao culto de Egun, por isso é a senhora dos cemitérios. Tem pleno domínio sobre os mortos, trazendo consigo uma falange de Egun que ela controla, pois todos temem seu poder. O culto a Egun nasceu nas mãos de igbalé quando ela fora buscar uma substancia que permitia a Ṣàngó soltar fogo pelas narinas. Ọya ficou sabendo que o povo Tapa iria invadir a cidade de Baribas, então forrou na beira de um rio um pedaço de pano vermelho, colocou algumas cabaças, evocou os mortos e aquele pano tomou vida e saiu voando na direção dos inimigos, colocando-os para correrem apavorados. Devido a sua ligação com Egun é proibido vesti-la de vermelho, sua vestimenta é branca.

Senhora da Tarde, Dona dos Espíritos. Senhora dos Raios e das Tempestades. Ọya, mais conhecida no Brasil como Ìyásan, foi uma princesa real na cidade de Irá, na Nigéria em 1450a.C.. Sobrinha-neta do rei Elempe e neta de Torossi(mãe de Ṣàngó), conquistou com valentia, coragem e dedicação seu caminho para o trono de Ọyọ. Conhecedora de todos os meandros da magia encantada, nunca se deixou abater por guerras, problemas e disputas. Foi mulher de seu primo Ṣàngó e ajudou-o a conquistar vários reinos anexados ao Império Yorubano. Porém, abandonou-o em defesa de sua cidade natal, disposta a enfrentá-lo. Ọya é a menina dos olhos de Òṣàlà, seu protetor, e a única divindade que entra no Ibalé dos Eguns(mortos). Na Bahia é sincretizada com Santa Bárbara. Divindade ctoniana, IÌyásan tem ligações com o mundo subterrâneo, onde habitam os mortos, sendo o único orixá capaz de enfrentar os eguns. Entre as dezessete individuações da multifária Ìyásan, uma delas é como Deusa dos Cemitérios (porem com alegação de Jegba, Ilha Fluvial onde moravam as IyGbálés e lá onde fazia-se a cremação dos mortos)

Além do contato com os mortos, Ìyásan também favorece a fecundidade, atributo inerente aos deuses ctonianos. Deusa das tempestades, contribui para a fertilidade do solo. Divindade eólica, sopram os ventos que afastam as nuvens, para a passagem dos raios desferidos por Ṣàngó. E é o raio que abre os reservatórios do céu, para fazer cair a chuva, relação comum em todas as mitologias. Nossa amada mãe Ìyásan possui vinte e uma Ìyásans intermediárias, que são assim distribuídas: Sete atuam junto aos pólos magnéticos irradiantes e auxiliam os orixás regentes dos pólos positivos, onde entram como aplicadoras da Lei segundo os princípios da Justiça Divina, recorrendo aos aspectos positivos da Orixá planetária Ìyásan. Sete atuam junto aos pólos magnéticos absorventes e auxiliam os orixás regentes dos pólos negativos, onde entram como aplicadoras da Lei segundo seus princípios, recorrendo aos aspectos negativos da orixá planetária Ìyásan. Sete atuam nas faixas neutras das dimensões planetárias, onde, regidas pelos princípios da Lei, ou direcionam os seres para as faixas vibratórias positivas ou os direcionam para as faixas negativas. Como seus campos preferenciais de atuação são os religiosos, não é de se estranhar que nossa amada mãe Ìyásan intermediária para a linha da Fé nos campos do Tempo seja confundida com a própria Ọya, já que é ela quem envia ao tempo os eguns fora-da-Lei no campo da religiosidade. Ìyásan do Tempo, não tenham dúvidas, tem um vasto campo de ação e colhe os espíritos desvirtuados nas coisas da Fé, enviando-os ao Tempo onde serão esgotados. Mas, não tenham dúvidas, antes ela tenta reequilibrá-los e redirecioná-los, só optando por enviá-los a um campo onde o magnetismo os esvazia quando vê que um esgotamento total em todos os sete sentidos é necessário. E isto o Tempo faz muito bem! Já IyGbálé é outra intermediária de nossa mãe maior lansã que é muito solicitada e muito conhecida, porque atua preferencialmente sobre os espíritos que desvirtuam os princípios da Lei que dão sustentação à vida e, como vida é geração e Ọmọlú atua no pólo negativo da linha da Geração, então ela envia aos domínios de Ọmọlú todos os espíritos que atentaram contra a vida de seus semelhantes ao desvirtuarem os princípios da Lei e da Justiça Divina. Logo, seu campo escuro localiza-se nos domínios do orixá Ọmọlú, que rege sobre o lado de "baixo" do campo santo.

Ìyásan é uma Deusa ligada à manifestação do feminino na fase crescente, trazendo em si a qualidade do movimento. Une passado com o futuro, o lado sombrio da Lua com o lado iluminado, que anuncia um novo começo. Ìyásan está ligada com o número 9, que é o movimento puro.

As filhas de Ìyásan são mulheres audaciosas, poderosas, autoritárias e dinâmicas. Estão sempre procurando algo para se ocupar, são cheias de iniciativa e determinação. São mulheres que nunca passam despercebidas, pois são combativas, teimosas e temperamentais, mas também podem ser doces e meigas, quando possuem interesse em seduzir algum homem. É também uma mulher que está ligada ao passado, ao coletivo, pela origem comum da necessidade fertilizadora do feminino e está ligada ao futuro pela necessidade de diferenciação, que a tirará do coletivo e a jogará sempre para frente, para o novo. É inconformada e inquieta, está voltada para o impulso de empreender coisas, de realizar seu poder criativo. A atualização dessa força criadora dependerá da forma como ela direcionar esta energia, que muitas vezes pode ser desviada para outros fins, ou ser esvaziada.

O maior e mais importante rio da Nigéria chama-se Níger, é imponente e atravessa todo o país. Rasgado, espalha-se pelas principais cidades através de seus afluentes por esse motivo tornou-se conhecido com o nome Odò Ọya, já que ya, em Yoruba, significa rasgar, espalhar. Esse rio é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove orum, dos nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Ìyá Mésàn, Ìyásan (Yánsàn). Embora seja saudada como a deusa do rio Níger, está relacionada com o elemento fogo. Na realidade, indica a união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio de uma chuva, é a filha do fogo-Omo Iná. A tempestade é o poder manifesto de Ìyásan, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que se fecha sem chover. Ìyásan é uma guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, a batalha do dia-a-dia é a sua felicidade. Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. Mostra o seu amor e a sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza a sua raiva, o seu ódio. Dessa forma, passou a identificar-se muito mais com todas as atividades relacionadas com o homem, que são desenvolvidas fora do lar; portanto não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional. Ìyásan é a mulher que acorda de manhã, beija os filhos e sai em busca do sustento. Algumas passagens da história de Ìyásan relacionam-na com antigos cultos agrários africanos ligados à fecundidade, e é por isso que a menção aos chifres de novilho ou búfalo, símbolos de virilidade, surgem sempre nas suas histórias. Ìyásan é a única que pode segurar os chifres de um búfalo, pois essa mulher cheia de encantos foi capaz de transforma-se em búfalo e tornar-se mulher da guerra e da caça. Ọya é a mulher que sai em busca do sustento; ela quer um homem para amá-la e não para sustentá-la. Desperta pronta para a guerra, para a sua lida do dia-a-dia, não tem medo do batente: luta e vence.

Nove tipos de Òrun


Ọ̀run Rere - Espaço reservado para aqueles que foram bons durante a vida.



Ọ̀run Àláfíà - Espaço de muita paz e tranquilidade, reservado para pessoas de gênio brando, ou índole pacífica, bondosa, pacata.
Ọ̀run Funfun - Reservado para os inocentes, sinceros, que tenha pureza de sentimento, pureza de intenções.
Ọ̀run Bàbá Eni - Reservado para os grandes sacerdotes e sacerdotisas, Babalorixás, yalorixás, Ogans, Ekedes, etc.
Ọ̀run Afẹ̀fẹ̀ - Local de oportunidades e correção para os espíritos, possibilidades de reencarnação, volta ao Aiye.
Ọ̀run Ìsòlú ou Àsàlú - Local de julgamento por Olódùmarè para decidir qual dos respectivos oruns o espírito será dirigido.
Ọ̀run Àpáàdì - Reservado para os espíritos impossíveis de ser reparados.
Ọ̀run Burúkú - Espaço ruim, ibonan "quente como pimenta", reservado para as pessoas más.
Ọ̀run Mare - Espaço para aqueles que permanecem, tem autoridade absoluta sobre tudo o que há no céu e na terra e são incomparáveis e absolutamente perfeitos, os supremos em qualidades e feitos, reservado à Olódùmarè, ọlọ́run e todos os orixás e divinizados.

Saiba Mais

Umbanda

Umbanda - Trono da Lei
Umbanda - Trono da Fé
Umbanda - Trono da Justiça
Qualidades

Ọya Onìrá
Mitologia

Mitologia Grega - Hera
Mitologia Hindu - Kali
Vocábulário

HÈPA HẸYI! ỌYA  saud.   | rêkpa réii! óia  | [hẹ!]  saudação ao orixa ọya. êpa Senhora ! Oya
ÌYÁSAN  Trad. Lit. Senhora das Tardes n., div.   | ìiássan  | [Ìyá - Senhora + ọ̀san - tarde]  Epíteto de Oya
ÒYÀ  s.   | ôià  | pente
ỌYA  s., bot.   | óia  | casuarina
ỌYA  n., div.   | óia  | Orixá Óya. A esposa do trovão, a deusa a qual o rio Niger é dedicado, que, portanto, é chamado Odò Ọya - O Rio de Ọya
Ọ̀YÀ  s., zool.   | ôià  | porco do mato
Ọ̀YÀ  s., zool.   | ôià  | ouriço
ỌYA MẸ̀SÁN Ọ̀RUN  n., div.   | óia mêssán ôrun  | Epíteto de Óya. A mãe dos nove céus
ỌYA TỌPẸ́  Trad. Lit. Ọya a quem agradecemos saud.   | óia tókpé  | saudação ao orixá orixá ọya
ỌYA TỌPẸ́  n., div.   | óia tókpé  | [Ọya + ti = a quem, quem + ọpẹ́ = agradecimento]  Qualidade ou Avatar do Orixá Ọya
Referências

Sociedade Espiritualista Mata Virgem





terça-feira, 2 de abril de 2013

Olosa


Olosa é a deusa da Lagoa de Lagos

Olosa supre seus devotos com peixes, e há vários templos dedicados a ela ao longo das margens da lagoa, onde oferendas de aves e ovelhas são feitas a ela para torná-la propícia. Quando a lagoa está cheia pelas chuvas e transborda dos seus bancos, ela está com raiva, e se a inundação for séria, uma vítima humana é oferecido a ela, para induzi-la a retornar dentro de seus próprios limites.


É assim irmão, Olókun e Olósà, de fato foram seres humanos, e ambas foram casadas com Odùdúwà, porém nenhuma delas da tranze em seus devotos devido ao fato de que ambas estão ligadas a representações muito poderozas, ou seja, Olókun é o MAR (OCEANOS), OLÓSÀ É A PRÓPRIA LAGOA, LAGOS, E MARES, TIPO MAR MORTO, MAR VERMELHO, MARES CERCADOS DE TERRA, DISTANTE DO OCEANO.
Existem duas energias chamadas Olókun, uma foi a esposa de Odùdúwà, Olókun Seniade, outro foi Olókun, que entregou riquezas à Ifá, esse Olókun seria masculino, e apenas teria o mesmo oruko, nome de Olókun. Quando saudamos Olókun ou Olósà, estamos saudando não só as mulheres de Odùdúwà, mas também a energia, a força dos mares, lagos e Oceanos, quando nós queremos invocar apenas a energia, a força das mulheres de Odùdúwà, saudamos Olókun seniade, e Osaara que seria Olósà.
Bem, irmão, para mim Olókun não é mãe de Olósà não, Olósà e Olókun sempre foram amigas, apesar de terem grande rivalidade, mas ambas são cultuadas juntas, em Abeokuta, um iniciado em Olókun é iniciado logo após em Olósà e vice e versa, mas justamente para uma não disputar aquele devoto com a outra, e sim estarem unidas para abençoar aquele devoto, dando à ele muitas riquezas!

Olókun teve muitos filhos, Okanbi* (*que foi o primeiro filho de Odùdúwà, criado por OLÓKUN E OLÓSÀ OU OSAARA), Iyemoja, que mesmo sendo filha de Olókun, só se tornou òrìsà por ter gerado Òsun, esse itàn está no Odù OSE (Oxé) ou OSE orogbe, que representa a própria Òsun, e Olókun teve muitos outros, mas Ajé a deusa das riquezas é outra que ganha grande destaque, e é funfun também.


Crocodilos são considerados os mensageiros de Olosa, e não pode ser molestados. Eles são incubidos de carregar as oferendas à deusa das ofertas depositadas pelos fiéis nas margens da lagoa ou jogadas no junco da lagoa. Alguns crocodilos, selecionados pelos sacerdotes por causa de determinadas marcas feitas por eles, são tratados com grande veneração, e têm galpões rudes, cobertos com folhas de palmeira, erigida para seu alojamento perto da borda da água. O alimento é fornecido regularmente a estes répteis a cada cinco dias, ou durante os festivais, e muitos deles tornaram-se suficientemente dóceis ao se aproximar das oferendas, assim que ver ou ouvir os adoradores próximo ao banco de areia da lagoa.


Olosá na mitologia yorubá é a dinvidade das lagoas e é cultuada no Brasil na lagoa do Abaeté,na bahia, juntamente com Iyemonjá que também é um orixá das lagoas.       Como Olokun se tornou a rainha das águas,

 Conta a lenda que Olokun,senhora das águas, consultou Ifá em uma época em que as águas não eram bastante para que alguém nelas lavasse o rosto.Se alguém recolhesse água em seu leito recolheria também areia porque ela estava pobre de água. Olosá, a senhora das lagoas, também consulta Ifá em uma época em que suas águas não eram o bastante para que alguém nela quisesse lavar os pés, sujar-se-ia de lama e areia, pois havia na lagoa muita pouco água. Olokun e Olossá foram ambas até aos pés de Orummilá rogar-lhe para examinar os seus problemas, e ambas queriam tornar-se as maiores do mundo!! Orummila respondeu que se elas pudessem fazer as oferendas que ele escolheu para elas,suas vidas seriam um sucesso! Ele disse que Olokun deveria oferecer 200 cobertas pretas, 200 cobertas brancas, 1 carneiro e 26.ooo búzius da costa, depois ele recomendou a Olosá que fizesse o mesmo.Olokun fez as oferendas, ela empregou tudo que possuía,e até chegou a empregar-se como serva para completar as oferendas. Olossá também fez as oferendas com tudo que possuía, porém suas oferendas não foram completas porque ela não encontrou aonde trabalhar .Oxum , a senhora dos rios, elegante senhora do pente coral, consultou a Ifá no dia que iria conduzir todos os rios, pois os rios não sabiam em que direção seguir, não sabiam se iam para frente ou para atras, e haviam pedido conselhos a Oxum. Ifá respondeu: tú oxum  vai a um certo lugar e neste lugar será  muito bem recebida e os outros rios te seguirão.Nenhum outro rio poderá proceder-te em nenhum lugar onde estiveres presente....Oxum reuniu todos os rios e os rios a seguiram todos juntos.Quando chegaram a beira da lagoa [Olossá] eles cobriram completamente a lagoa e quando chegaram no mar [Olokun] encontraram-se com as águas salgadas e as cobriram,. Foi colocada a questão: quem seria a rainha do mar?? já que os rios junto com as lagoas misturaram-se com o mar? eles discutiam aqui e acolá essa questão, então Olokun disse: não importa, pois o território em que voces se encontram é meu!!! os ânimos ficaram forte e então Olodumarê se manifestou:  A QUE POSSUI TERRITÓRIO É A RAINHA!  com isso Olokun foi por direito a rainha. Olosá disse aos rios que se retirasem de suas terras e de suas águas, mas os rios não encontraram saída por onde passar, e permaneceram na lagoa .Assim sendo, Olossá foi eleita a segunda pessoa depois de Olokun junto com O xum. A cada ano todos os rios vem adora-la, pois foi assim que Olokun e Olosá se tornaram populares na terra e famosa como Oxum  nos mundos dos deuses.


Yewa



Também conhecida como Ìyá Wa. Assim como Yèmọnja e Ọ̀ṣun, também é uma divindade feminina das águas e, às vezes, associada à fecundidade. É reverenciada como a dona do mundo e dona dos horizontes. Em algumas lendas aparece como a esposa de Òṣùmàrè e pertencendo a ela a faixa branca do arco-íris, em outras como esposa de Ọbalúwaìye ou Ọmọlú.

Yewa é a divindade do rio Yewa. Na Bahia é cultuada somente em três casas antigas, devido à complexidade de seu ritual. As gerações mais novas não captaram conhecimentos necessários para a realização do seu ritual, daí se ver, constantemente, alguém dizer que fez uma obrigação para Yewa, quando na realidade o que foi feito é o que se faz normalmente para Ọ̀ṣun ou Iansã.

O desconhecimento começa com as coisas mais simples como a roupa que veste, as armas e insígnias que segura e os cânticos e danças, isso quando não dizem que Yewa é a mesma coisa que Ọ̀ṣun, Iansã e Yèmọnja.

Orixá que protege as virgens e tudo que é inexplorável. Yewa tem o poder da vidência, Sra. Do céu estrelado rainha dos cosmos. Ela está o lugar onde o homem não alcança.

Seu símbolo é o arpão, pode também carregar um ofá dourado, uma espingarda ou uma serpente de metal. Às vezes, Yewa é considerada a metade mulher de Òṣùmàrè, a faixa branca do arco-íris. Ela é representada também pelo raio do sol, pela neve.

As palmeiras com folhas em leque também simbolizam Yewa - exótica, bela, única e múltipla.

Na verdade ela mantém fundamentos em comum com Òṣùmàrè, inclusive dançam juntos, mas não se sabe ao certo se seria a porção feminina, sua esposa ou filha.

Quando cultuada na nação Keto, Yewa dança, ilu, hamunha e aguerê, Na cultura jêje, onde suas danças são impressionantes, prefere o bravun e o sató e dança acompanhada de Oxumare, Omolu e Nanã.

Nas festas de Olubajé, Yewa não pode ser esquecida, deve receber seus sacrifícios, e no banquete não pode faltar uma de suas comidas favoritas; banana-da-terra frita em azeite.


Características

Animais Sabiá
Bebida Champanhe
Comidas Banana inteira feita em azeite de dendê com farofa do mesmo azeite (milho com coco, batata doce, canjiquinha)
Cor Azul Celeste com Amarelo, Carmin
Data Comemorativa 13 de dezembro
Dia da Semana Sábado
Elemento Água
Essências -
Fio de Contas -
Flores flores brancas e vermelhas
Incompatibilidades Galinha, Aranha, Teia-de-aranha
Metal Ouro, prata e cobre
Numero -
Pedras -
Planeta -
Pontos da Natureza Linha do Horizonte. (Recebe oferendas em rios e lagos).
Saudação Hihó (Rirró)
Saúde problemas respiratórios e intestinais
Símbolo Arpão
Sincretismo Nossa Senhora das Neves
Folhas

Abacaxi (ọ́pẹ òyìnbó)
Ameixa (èso kan bí ìyeyè)
Amêndoa
Banana da Terra (ọ̀gẹ̀dẹ̀ wẹrẹ)
Banana São Tomé  (ọ̀gẹ̀dẹ̀ àgbagbà)
Morango (irú èso dídùn kan)
Nespereira
Pêssego
Uva (èso àjara)
Zimbro
Arrozinho  (ewé senikawa)
Caruru  (ewé tẹ̀tẹ̀)
Dormideira  (apẹ̀jẹ̀)
Flor de Lótus  (òṣibàtà)
Melão de São Caetano  (ẹ́jìnrìn)
Salsa Brava  (gbọ̀rọ̀ ayaba)
Salsa da Praia  (gbọ̀rọ̀ ayaba)
Maravilha  (ẹ̀kelẹ̀yi)
Ameixeira (ìyeyè)
Bananeira de Jardim



Qualidades

Yewa Gebeuyin - A primeira a surgir no mundo. Faz os banhos de ervas darem positivamente e traz a abundância de alimentos. Veste vermelho maravilha e amarelo claro. Come com Omolu, Oyá e Ọ̀ṣun. Nas tempestades ela pode se transformar numa serpente azulada.

Yewa Gyran - É a deusa dos raios do sol. Controla os raios solares para que eles não destruam a terra. É a formação do arco-íris duplo que aparece em torno do sol. Metade é Yewa e a outra é Bessem. Platina, rubi, ouro e bronze vão em seu assentamento. Come com Omolu, Ọ̀ṣun e Ọ̀ṣọ́ọ̀si


Atribuições

Limpa o ambiente, traz harmonia, alegria e beleza





Lendas de Yewa

Porque Yewa não aceita Galinha

Yewa, certa vez indo para o rio lavar roupa, ao acabar, estendeu-a para secar. Nesse espaço veio a galinha e ciscou, com os pés, toda sujeira que se encontrava no local, para cima da roupa lavada, tendo Yewa que tornar a lavar. Enraivecida, amaldiçoou a galinha, dizendo que daquele dia em diante haveria de ficar com os pés espalmados e que nem ela nem seus filhos haveriam de comê-la, daí, durante os rituais de Yewa, galinha não passar nem pela porta.

Yewa - Orixá dos horizontes e fontes!

Conta-se uma lenda, que Yewa era esposa de Ọmọlú, e era estéril, não podendo conceder um filho ao seu grande amado, sofrendo muito por isso.

Em uma bela tarde, a dona dos horizontes, estava-se a deleitar as margens de um rio, juntamente com suas serviçais que lavavam vários alás (panos brancos). De repente, surge de dentro da floresta a figura de uma pessoa, que corria muito e muito assustado.

- Como ousas interromper o deleite da mulher de Ọmọlú, quem é você ? indagou Yewa, sobre a irreverência do rapaz.

- Yewa ! não era minha intenção interromper tão sagrado ato, oh! esposa de Ọbalúwaìye! Porém Ikú (a morte), persegue-me a vários dias e preciso escapar dela, pois tenho ainda um grande destino a seguir. Peço sua ajuda Yewa, peço que me escondas para que Ikú não me pegue ?!

- Gostei de você e vou ajudá-lo, esconda-se sobre os alás que minhas serviçais estão a lavar, e eu despistarei Ikú de seu caminho.

E assim foi feito, o jovem rapaz pôs a se esconder sobre os panos brancos.

Alguns minutos se passaram, e eis que aparece Ikú. A morte !

- Como ousas adentrar aos domínios de minha morada, quem és tu ? Pergunta

Yewa com ar de indignada.

- Sou Ikú, e entro onde as pessoas menos esperam, entro e carrego comigo, dezenas, centenas e até milhares de pessoas ! Porém hoje estou a procurar um jovem rapaz, que esta a me escapar a dias, você o viu passar por aqui ?

Perguntou Ikú para Yewa.

- Eu o vi sim Ikú, ele foi naquela direção. - Yewa apontava para um direção totalmente oposta ao das suas aldeãs, que estavam a esconder o jovem rapaz. Ikú agradeceu e seguiu pelo caminho indicado. Sendo assim, o rapaz pode se desfazer de seu esconderijo e agradeceu Yewa.

- Yewa, agradeço sua ajuda, terei tempo agora, de prosseguir meu caminho. Sou um grande adivinho, e em sinal de minha gratidão, a partir de hoje presenteio-lhe com o dom da adivinhação. Yewa, agradeceu o presente dado pelo rapaz, que já havia se virado para ir embora, quando retornou e falou a Yewa.

- Sim eu sei, você não pode ter filhos, pois lhe dou isso também, a partir de hoje poderá ter filhos e alegrar ao seu marido.

Então Yewa, agradeceu novamente muito contente e perguntou ao jovem rapaz.

- Qual é seu nome ?

E o rapaz respondeu...

- Meu nome é Ifá !







Ọ̀sónyìn


É fundamental sua importância, porque detém o reino e poder das plantas e folhas, imprescindíveis nos rituais e obrigações de cabeça e assentamento de todos os Orixás através dos banhos feitos de ervas. Como as folhas estão relacionadas com a cura, Ọ̀sónyìn também está vinculado à medicina, por guardar escondida na sua floresta a magia da cura para todas as doenças dos homens, contida nas virtudes de todas as folhas. A cura é invocada no caso de doença, com o auxílio de Ọbalúwaìye.

Divindade Masculina, do ar livre, que governa toda a floresta, juntamente com Ọ̀ṣọ́ọ̀si, dono do mistério das folhas e seu emprego medicinal ou sua utilização mágica. Dono do axé (força , poder , fundamento , vitalidade e segurança ) existentes nas folhas e nas ervas , ele não se aventura nos locais onde o homem cultivou a terra e construiu casas , evitando os lugares onde a mão do homem poluiu a natureza com o seu domínio.

É bastante cultuado no Brasil, sendo conhecido por diversos nomes, Ossaim, Ossonhe, Ossãe e Ossanha, a forma mais popular. Por causa do som final da palavra, é freqüentemente confundido com uma figura feminina.

É o Orixá da cor verde, do contato mais íntimo e misterioso com a natureza. Seu domínio estende-se ao reino vegetal, às plantas, mais especificamente às folhas, onde corre o sumo. Por tradição, não são consideradas adequadas pelo Candomblé mais conservador, as folhas cultivadas em jardins ou estufas, mas as das plantas selvagens, que crescem livremente sem a intervenção do homem. Não é um Orixá da civilização no sentido do desenvolvimento da agricultura, sendo como Ọ̀ṣọ́ọ̀si, uma figura que encontra suas origens na pré-história.

As áreas consagradas a Ọ̀sónyìn nos grandes Candomblés, não são jardins cultivados de maneira tradicional, mas sim os pequenos recantos, onde só os sacerdotes (mão de ofá) podem entrar, nos quais as plantas crescem da maneira mais selvagem possível. Graças a esse domínio, Ọ̀sónyìn é figura de extrema significação, pois praticamente todos os rituais importantes utilizam, de uma maneira ou de outra, o sangue escuro que vem dos vegetais, seja em forma de folhas ou infusões para uso externo ou de bebida ritualística.

Quando os Zeladores(as) de Santo, penetram no reino de Ọ̀sónyìn para fazerem as colheitas das ervas sagradas para os banhos e defumações, devem antes pedir a Ọ̀sónyìn permissão para tal tarefa, pois se não o fizerem, com certeza todas as folhas que retirarem de seu Reino, não terão os Axés e Magias que teriam se pedissem a sua permissão, e até dependendo do caso como alguns entram em seu Reino zombando e sem firmeza de cabeça, suas ervas poderão agir ao contrario, causando muitos distúrbios naqueles que zombarem de seu Reino e faltarem com o devido respeito ao seu domínio. Junto á planta cortada, deixa-se sempre a oferenda de algumas moedinhas e um pedaço de fumo-de-corda com mel, assim assegurando que a vibração básica da folha permaneça, mesmo depois de ela ter sido afastada da planta e, portanto do solo que a vitalizava.

As folhas e ervas de Ọ̀sónyìn, depois de colhidas são esfregadas, espremidas e trituradas com as mãos, e não com pilão ou outro instrumento. Cumpre quebrá-las vivas entre os dedos.



Seja filho de Òṣàlà ou de Nanã, ou de qualquer outro Orixá, uma pessoa sempre tem de invocar a participação de Ọ̀sónyìn ao utilizar uma planta para fins ritualísticos, pois, a capacidade de retirar delas sua força energética básica, continua sendo segredo de Ọ̀sónyìn. Por isso não basta possuir a planta exigida como ingrediente de um prato a ser oferecido ao Orixá, ou de qualquer outra forma de trabalho mágico.

A Colheita das folhas já é completamente ritualizada, não se admitindo uma folha colhida de maneira aleatória. Para que um iniciado possa recolher as ervas necessárias ao culto a ser realizado, deve-se abster de qualquer bebida alcoólica e de relações sexuais na noite que precede a colheita. As folhas devem ser colhidas na floresta virgem, sempre que possível. Antes de penetrar na mata, o iniciado deve pedir licença a Ọ̀ṣọ́ọ̀si e a Ọ̀sónyìn, para isso acender vela na entrada, com o cuidado de limpar a área onde ficarão as velas.

Toda vez que queimamos uma floresta, desmatamos, cortamos árvores, ou simplesmente arrancamos folhas desnecessariamente, estamos violando a natureza, ofendendo seriamente essa força natural que denominamos Ọ̀sónyìn.

E é por este motivo que devemos respeitar nossas florestas, bosques, matas, enfim todo espaço em que tenha uma planta, mesmo sabendo que Ọ̀sónyìn habita as florestas e matas fechadas mas toda planta leva em sua essência o Axé deste Orixá da cura.

Ọ̀sónyìn tem uma aura de mistério em torno de si e a sua especialidade, apesar de muito importante, não faz parte das atividades cotidianas, constituindo-se mais numa técnica, um ramo do conhecimento que é empregado quando necessário o uso ritualístico das plantas para qualquer cerimônia litúrgica, como forma condutora da busca do equilíbrio energético, de contato do homem com a divindade



Características

Animais Pássaros
Bebida suco de hortelã, suco de goiaba, enfim sucos de qualquer fruta
Chakra -
Comidas Banana frita, milho cozido com amendoim torrado, canjiquinha, pamonha, inhame, bolos de feijão e arroz, farofa de fubá; abacate
Cor Verde e Branco
Data Comemorativa 5 de outubro
Dia da Semana Quinta-feira
Elemento Terra
Essências -
Fio de Contas Contas e Miçangas verdes e brancas
Flores Flores do Campo
Incompatibilidades ventania, jiló
Metal Estanho (latão)
Numero 15
Pedras Morganita, Turmalina verde e rosa, Esmeralda, Amazonita
Planeta -
Pontos da Natureza Clareira de matas
Saudação Ewé ó !!! Ewé àsà !!! Ọ̀sónyìn
Saúde problemas ósseos, reumatismo, artrite
Símbolo Ferro com sete pontas com um pássaro na ponta central. (Representa uma árvore de sete ramos com um pássaro pousado sobre ela)
Sincretismo: São Benedito
Folhas

Obá  (orógbó ẹrin)
Orogbo  (orọgbọ)
Akòko  (akòko)
Amendoim  (épá)
Aridan  (aridan)
Árvore Sapo
Balainho de Velho  (amúnimúyè)
Baunilha de Nicuri  (àbàrà òké)
Carobinha
Carrapicho  (dágunró gogoro)
Celidônia maior
Cipó Chumbo  (awó pupá)
Corda Iplé  (arin)
Dracena Listrada  (ewé pẹ̀rẹ̀gún lo)
Erva Pombinha  (ewé bojútọ́na)
Erva Vintém (ewé okọ́wọ̀)
Guabira
Guaco  (ójẹ́ dúdú)
Jequiriti  (òwẹ́rẹ́njẹ̀jẹ̀)
Jurubeba  (igba ajá)
Lágrima de Nossa Senhora  (ewé oju omi)
Mafafa  (ewé koko)
Mamona Vermelha  (ewé lárà pupa)
Narciso dos Jardins
Obí  (obí)
Obí  (àbidun)
Obí  (obí gbanja)
Obí  (obí edun)
Olho de Boi  (wẹ́rẹ́pẹ́)
Orelha de Macaco  (ewé ọgbọ́)
Patióbá  (ewé patiọ́bá)
Periquitinho  (dánguró kékeré)
Pimenta da Africa  (ẹ̀ẹ̀ru)
Pimenta da Costa  (ataare)
Pimenta de Macaco  (bejerekun)
Quaresminha Rasteira  (ewé alaṣẹ́)
Tabaco  (ewé tábà)
Tribulus  (dánguró nla)
Tira Teima  (abẹbẹ kò)
Embaúba - Branca  (àgbaó)
Gôfer  (agbàwọ̀)
Parasol (afárá dúdú)
Feijão Fradinho  (erèé tiro)
Sapê  (ẹ̀kan)
Sapê  (ẹ̀kan)
Sincretismos

Atribuições



Dá força curativa às ervas medicinais, dá axé às ervas litúrgicas.

Lendas

Ọ̀sónyìn recusa-se a cortar as ervas miraculosas

Ọ̀sónyìn era o nome de um escravo que foi vendido a Ọrúnmilà. Um dia ele foi à floresta a lá conheceu Aroni, que sabia tudo sobre as plantas. Aroni, o gnomo de uma perna só, ficou amigo de Ọ̀sónyìn e ensinou-lhe todo o segredo das ervas. Um dia, Ọrúnmilà, desejoso de fazer uma grande plantação, ordenou a Ọ̀sónyìn que roçasse o mato de suas terras. Diante de uma planta que curava dores, Ọ̀sónyìn exclamava: "Esta não pode ser cortada, é as erva as dores". Diante de uma planta que curava hemorragias, dizia: "Esta estanca o sangue, não deve ser cortada". Em frente de uma planta que curava a febre, dizia: "Esta também não, porque refresca o corpo". E assim por diante. Ọrúnmilà, que era um babalaô muito procurado por doentes, interessou-se então pelo poder curativo das plantas e ordenou que Ọ̀sónyìn ficasse junto dele nos momentos de consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas. E assim Ọ̀sónyìn ajudava Ọrúnmilà a receitar a acabou sendo conhecido como o grande médico que é.

Ọ̀sónyìn dá uma folha para cada Orixá

Ọ̀sónyìn, filho de Nanã e irmão de Òṣùmàrè, Yewa e Ọbalúwaìye, era o senhor das folhas, da ciência e das ervas, o orixá que conhece o segredo da cura e o mistério da vida. Todos os orixás recorriam a Ọ̀sónyìn para curar qualquer moléstia, qualquer mal do corpo. Todos dependiam de Ọ̀sónyìn na luta contra a doença. Todos iam à casa de Ọ̀sónyìn oferecer seus sacrifícios. Em troca Ọ̀sónyìn lhes dava preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abô, beberagens.

Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as disenterias, os inchaços e fraturas; curava as pestes, febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta e o sangue pisado; livrava o corpo de todos os males.

Um dia Ṣàngó, que era o deus da justiça, julgou que todos os Orixás deveriam compartilhar o poder de Ọ̀sónyìn, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura. Ṣàngó sentenciou que Ọ̀sónyìn dividisse suas folhas com os outros Orixás. Mas Ọ̀sónyìn negou-se a dividir suas folhas com os outros Orixás. Ṣàngó então ordenou que Iansã soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de Ọ̀sónyìn para que fossem distribuídas aos Orixás. Iansã fez o que Ṣàngó determinara. Gerou um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo ar em direção ao palácio de Ṣàngó.

Ọ̀sónyìn percebeu o que estava acontecendo e gritou: "Euê Uassá!" - "As folhas funcionam!". Ọ̀sónyìn ordenou às folhas que voltassem às suas matas e as folhas obedeceram às ordens de Ọ̀sónyìn. Quase todas as folhas retornaram para Ọ̀sónyìn. As que já estavam em poder de Ṣàngó perderam o Axé, perderam o poder da cura. O Orixá Rei, que era um orixá justo, admitiu a vitória de Ọ̀sónyìn. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Ọ̀sónyìn e que assim devia permanecer através dos séculos. Ọ̀sónyìn, contudo, deu uma folha para cada Orixá cada qual, com seus axés e seus efós, que são as cantigas de encantamento, sem as quais as folhas não funcionam. Ọ̀sónyìn distribuiu as folhas aos orixás para que eles não mais o invejassem. Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si. Ọ̀sónyìn não conta seus segredos para ninguém, Ọ̀sónyìn nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os Orixás ficaram gratos a Ọ̀sónyìn e sempre o reverenciam quando usam as folhas.

Vocabulário - Yorubá

ỌPẸRÈ  s., zool.   | ókpérê  | pássaro opere. Pássaro de Consagração ao Orixá Òsányìn. São uma família generalizada de aves canoras, encontrei muito sobre a África e Ásia.





segunda-feira, 18 de março de 2013

Òṣùmàrè




Oxumare, (yoruba Òṣùmàrè) filho mais novo e preferido de Nanã, irmão de Ọmọlú. É uma entidade branca muito antiga, participou da criação do mundo enrolando-se ao redor da terra, reunindo a matéria e dando forma ao Mundo. Sustenta o Universo, controla e põe os astros e o oceano em movimento. Rastejando pelo Mundo, desenhou seus vales e rios. É a grande cobra que morde a cauda, representando a continuidade do movimento e do ciclo vital. A cobra é dele e é por isso que no Candomblé não se mata cobra. Sua essência é o movimento, a fertilidade, a continuidade da vida.

A comunicação entre o céu e a terra é garantida por Òṣùmàrè. Leva a água dos mares, para o céu, para que a chuva possa formar-se - é o arco-íris, a grande cobra colorida. Assegura comunicação entre o mundo sobrenatural, os antepassados e os homens e por isso à associa do ao cordão umbilical.

Òṣùmàrè é um Orixá bastante cultuado no Brasil, apesar de existirem muitas confusões a respeito dele, principalmente nos sincretismos e nos cultos mais afastados do Candomblé tradicional africano como a umbanda. A confusão começa a partir do próprio nome, já que parte dele também é igual ao nome do Orixá feminino Ọ̀ṣun, a senhora da água doce. Algumas correntes da Umbanda, inclusive, costumam dizer que Òṣùmàrè é uma das diferentes formas e tipos de Ọ̀ṣun, mas no Candomblé tradicional tal associação é absolutamente rejeitada. São divindades distintas, inclusive quanto aos cultos e à origem.

Em relação a Òṣùmàrè, qualquer definição mais rígida é difícil e arriscada. Não se pode nem dizer que seja um Orixá masculino ou feminino, pois ele é as duas coisas ao mesmo tempo; metade do ano é macho, a outra metade é fêmea. Por isso mesmo a dualidade é o conceito básico associado a seus mitos e a seu arquétipo.

Essa dualidade onipresente faz com que Òṣùmàrè carregue todos os opostos e todos os antônimos básicos dentro de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmea, doce e amargo, etc.

Nos seis meses em que é uma divindade masculina, é representado pelo arco-íris, sendo atribuído a Òṣùmàrè o poder de regular as chuvas e as secas, já que, enquanto o arco-íris brilha, não pode chover. Ao mesmo tempo, a própria existência do arco-íris é a prova de que a água está sendo levada para os céus em forma de vapor, onde se aglutinará em forma de nuvem, passará por nova transformação química recuperando o estado líquido e voltará à terra sob essa forma, recomeçando tudo de novo: a evaporação da água, novas nuvens, novas chuvas, etc.

Nos seis meses subseqüentes, o Orixá assume forma feminina e se aproxima de todos os opostos do que representou no semestre anterior. É então, uma cobra, obrigado a se arrastar agilmente tanto na terra como na água, deixando as alturas para viver sempre junto ao chão, perdendo em transcendência e ganhando em materialismo. Sob essa forma, segundo alguns mitos, Òṣùmàrè encarna sua figura mais negativa, provocando tudo que é mau e perigoso.

Não podemos nos esquecer de que tanto na África, como especialmente no Brasil, a população negra, foi continuamente assediada pela colonização branca. Uma das formas mais utilizadas por jesuítas para convencer os negros, era a repressão física, mas para alguns, não bastava o medo de apanhar. Eles queriam a crença verdadeira e, para isso, tentaram explicar e codificar a religião do Orixás segundo pontos de vista cristãos, adaptando divindades, introduzindo a noção de que os Orixás, seriam santos como os da Igreja Católica. Essa busca objetiva do sincretismo sem dúvida foi esbarrar em Òṣùmàrè e na cobra - e não há animal mais peçonhento, perigoso e pecador do que ela na mitologia católica.

Por isso, não seria difícil para um jesuíta que acreditasse sinceramente nos símbolos de sua visão teológica. Reconhecer na cobra mais um sinal da presença dos símbolos católicos na religião do Orixás e nele reconhecer uma figura que só poderia trazer o mal.

Na verdade, o que se pode abstrair de contradições como as que apresenta Òṣùmàrè é que este é o Orixá do movimento, da ação, da eterna transformação, do contínuo oscilar entre um caminho e outro que norteia a vida humana. É o Orixá da tese e da antítese. Por isso, seu domínio se estende a todos os movimentos regulares, que não podem parar, como a alternância entre chuva e bom tempo, dia e noite, positivo e negativo. Conta-se sobre ele que, como cobra, pode ser bastante agressivo e violento, o que o leva a morder a própria cauda. Isso gera um movimento moto-contínuo pois, enquanto não largar o próprio rabo, não parará de girar, sem controle. Esse movimento representa a rotação da Terra, seu translado em torno do Sol, sempre repetitivo- todos os movimentos dos planetas e astros do universo, regulados pela força da gravidade e por princípios que fazem esses processos parecerem imutáveis, eternos, ou pelo menos muito duradouros se comparados com o tempo de vida médio da criatura humana sobre a terra, não só em termos de espécie, mas principalmente em termos da existência de uma só pessoa. Se essa ação terminasse de repente, o universo como o entendemos deixaria de existir, sendo substituído imediatamente pelo caos. Esse mesmo conceito justifica um preceito tradicional do Candomblé que diz que é necessário alimentar e cuidar de Òṣùmàrè muito bem pois, se ele perder suas forças e morrer, a conseqüência será nada menos que o fim da vida no mundo.

Seu domínio se estende a todos os movimentos regulares que não podem parar, como a alternância entre o dia e a noite, o bom e o mal tempo (chuvas) e entre o bem e o mal (positivo e negativo).

Enquanto o arco-íris traz a boa notícia do fim da tempestade, da volta do sol, da possibilidade de movimentação livre e confortável, a cobra é particularmente perigosa para uma civilização das selvas, já que ela está em seu habitat característico, podendo realizar rápidas incertas.

Pierre Verger acrescenta que Òṣùmàrè está associado ao misterioso, a tudo que implica o conceito de determinação além dos poderes dos homens, do destino, enfim: É o senhor de tudo o que é alongado. O cordão umbilical, que está sob seu controle, é enterrado geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação dessa árvore.



Características

Animais Cobra
Bebida Água Mineral

Comidas Batata doce em formato de cobra, bertalha com ovos
Cor Verde e amarelo (cores do arco-íris, ou, amarelo rajado de preto
Data Comemorativa: 24 de agosto
Dia da Semana Terça-feira
Elemento Água
Essências -
Fio de Contas Verde e amarelo
Flores Amarelas
Incompatibilidades sal, água salgada
Metal Latão (Ouro e Prata mesclados)
Numero 14
Odu Ika Meji
Pedras Ágata. Topázio,esmeralda, diamante
Planeta -
Ponto de Força  
Pontos da Natureza Próximo da queda da cachoeira.
Saudação Arrobobô
Saúde pressão baixa, vertigens, problemas de nervos, problemas alérgicos e de pele
Símbolo Cobra e Arco-Íris.
Sincretismo: São Bartolomeu






Folhas

Alcaparreira
Altéia
Angelicó
Araticum de Areia  (àbo)
Batata Doce  (ewé kúkúndùnkú)
Cavalinha
Coqueiro de Vênus  (ewé pẹ̀rẹ̀gún funfun)
Dormideira  (apẹ̀jẹ̀)
Dracena Listrada  (ewé pẹ̀rẹ̀gún lo)
Erva de Passarinho  (àfòmọ́)
Erva de Passarinho  (àfòmọ́)
Erva de Sangue
Erva Pombinha  (ewé bojútọ́na)
Folha da Riqueza  (ewé ajé)
Gravíola  (ẹ̀kò òyìnbó)
Ingá-bravo  (àpàpó)
Jibóia  (ewé dan)
Leiteirinho  (ewé bonokó)
Língua de Galinha  (àlùpàyídá)
Língua de Galinha  (àlùpàyídá)
Malva Rosa
Melão de São Caetano  (ẹ́jìnrìn)
Samambaia de Poço  (òmun)
Tomate (tòmátì)
Jaqueira  (àpaòká)




Atribuições


Òṣùmàrè, é a renovação continua, mas em todos os aspectos e em todos os sentidos da vida de um ser. É a renovação do amor na vida dos seres. E onde o amor cedeu lugar à paixão, ou foi substituído pelo ciúme, então cessa a irradiação de Ọ̀ṣun e inicia-se a dele, que é diluidora tanto da paixão como do ciúme. Ele dilui a religiosidade já estabelecida na mente de um ser e o conduz, emocionalmente, a outra religião, cuja doutrina o auxiliará a evoluir no caminho reto.

Qualidades

Dan - Corresponde ao nome Jeje de Òṣùmàrè e, no Alakétu, constitui uma qualidade deste último: é a cobra que participou da criação. É uma qualidade benéfica, ligada à chuva, à fertilidade e à abundância; gosta de ovos e de azeite de dendê. Como tipo humano, é generoso e até perdulário.
Dangbé - É um Òṣùmàrè mais velho que seria o pai de Dan; governa os movimentos dos astros. Menos agitado que Dan, possui uma grande intuição e pode ser um adivinho esperto.
Becém - Dono do terreiro do Bogun, veste-se de branco e leva uma espada. Becém é um nobre e generoso guerreiro, um tipo ambicioso, combativo de Òṣùmàrè, menos afectado e menos superficial que Dan. Aido Wedo, também é uma qualidade de Òṣùmàrè conhecida no Bogun.
Azaunodor - É o príncipe de branco que reside no Baobá, relacionado com os antepassados; come frutas e leva tudo de dois.
Frekuen - É representado pela Serpente mais venenosa. O lado masculino de Òṣùmàrè é geralmente representado pelo Arco-Íris.
O orixá possui ainda vários outros nomes na África como no Brasil, que como acontece com todos os outros Orixás, se referem a cidades, lendas ou cultos específicos de uma determinada região, e com isso ganha suas particularidades e costumes; alguns dessas outros nomes são: Akemin, Botibonan, Besserin, Dakemin, Bafun, Makor, Arrolo, Danbale, Foken, Darrame, Araka, Averecy, Akoledura e Bakilá.

Lendas de Òṣùmàrè

Como Òṣùmàrè se tornou rico

Òṣùmàrè era o babalaô da corte de um rei que, embora fosse rico e poderoso, não pagava bem seu sacerdote, que vivia na pobreza. certo dia, Òṣùmàrè perguntou a ifá o que fazer para ter mais dinheiro; ifá disse que, se ele lhe fizesse uma oferenda, ele o tornaria muito rico. Òṣùmàrè preparou tudo como devia mas, no meio do ritual, foi chamado ao palácio. não podendo interromper o ritual, ele não foi; então, o rei suspendeu seu pagamento. quando Òṣùmàrè pensava que ia morrer de fome, a rainha do reino vizinho chamou-o para tratar seu filho doente e, como Òṣùmàrè o salvou, a rainha pagou-o muito bem. com medo de perder o adivinho, o rei lhe deu ainda mais riquezas, e assim se cumpriu a promessa de ifá.


Orixá do arco-íris !!!


Certa vez, Ṣàngó viu Òṣùmàrè passar, com todas as cores de seu traje e todo o brilho de seu ouro. Ṣàngó conhecia a fama de Òṣùmàrè não deixar ninguém dele se aproximar. Preparou então uma armadilha para capturar Òṣùmàrè. Mandou uma audiência em seu palácio e, quando Òṣùmàrè entrou na sala do trono, os soldados chamaram para a presença de Ṣàngó e fecharam todas as janelas e portas, aprisionando Òṣùmàrè junto com Ṣàngó. Òṣùmàrè ficou desesperado e tentou fugir, mas todas as saídas estavam trancadas pelo lado de fora.

Ṣàngó tentava tomar Òṣùmàrè nos braços e Òṣùmàrè escapava, correndo de um canto para outro. Não vendo como se livrar, Òṣùmàrè pediu a Ọlọ́run e Ọlọ́run ouviu sua súplica. No momento em que Ṣàngó imobilizava Òṣùmàrè, Òṣùmàrè foi transformado numa cobra, que Ṣàngó largou com nojo e medo.

A cobra deslizou pelo chão em movimentos rápidos e sinuosos. Havia uma pequena fresta entre a porta e o chão da sala e foi por ali que escapou a cobra, foi por ali que escapou Òṣùmàrè.

Assim livrou-se Òṣùmàrè do assédio de Ṣàngó. Quando Òṣùmàrè e Ṣàngó foram feitos Orixás, Òṣùmàrè foi encarregado de levar água da Terra para o palácio de Ṣàngó no Orum (céu), mas Ṣàngó não pôde nunca aproximar-se de Òṣùmàrè.

Como Òṣùmàrè serve à Ọ̀ṣun e Ṣàngó

Quando Ṣàngó e Ọ̀ṣun quiseram se casar, perceberam que seria difícil viverem juntos, pois a casa de Ọ̀ṣun era no fundo do rio e Ṣàngó morava por cima das nuvens. então, resolveram arranjar um criado que facilitasse a comunicação entre os dois. falaram com Òṣùmàrè, que aceitou servir de mensageiro entre eles. só que, durante a metade do ano em que é o arco- íris, Òṣùmàrè levava as águas de Ọ̀ṣun para o céu; não chovia e a terra ficava seca. por isso, Òṣùmàrè resolveu que, nos seis meses em que fosse cobra, deixaria o serviço. nesse período, Ṣàngó precisa descer até Ọ̀ṣun, e então acontecem os temporais da estação das chuvas.


Livros

Título : O Cavaleiro do Arco-Íris
Autor : RUBENS SARACENI

Título : Oxumaré - O Arco-Íris Sagrado
Autor : Lurdes de Campos Vieira

Saiba Mais

Umbanda

Trono do Amor
Mistérios

O Mistério Serpente
Referências

Sociedade Espiritualista Mata Virgem
Templo de Umbanda Sagrada Sete Luzes Divinas